Corpus Christi (2018)

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Hoje comemoramos a festa de Corpus Christi, isto é, do Corpo de Cristo. Muitas vezes, ao longo dos dias, podemos nos assemelhar com as outras pessoas, pois ser católico não é ser exótico, nem viver como se estivéssemos no século XIX. Todavia, hoje, em especial, nos reunimos para fazer algo particularmente católico, a Missa com referência especial à presença real de Cristo nas sagradas espécies. O que vemos ser pão, após a consagração, não é mais pão, mas Cristo inteiro: Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Também no cálice, após a consagração, não é mais vinho que lá está, mas Cristo inteiro, como ensina a sã Teologia.

Os protestantes que se auto-intitulam cristãos se escandalizam com a festa de hoje e fazem uma ridícula “Marcha para Jesus”, parodiando a procissão católica, onde muitos estão presentes, menos Jesus, pois Jesus não apoia nunca o erro e a mentira. Cristo é quem nos ensinou tamanha verdade sobre o sacramento da Eucaristia e, se dizer “de Jesus” e negar seus ensinamentos (que apenas a Igreja Católica guarda fiel e integralmente), nada mais é do que hipocrisia. Se alguém se diz cristão deve conhecer quem foi Cristo e seguir fielmente todas as suas palavras. Isso é diretamente incompatível com tudo aquilo que não é católico, isto é, sejam as seitas protestantes, sejam os cismáticos ortodoxos.

Infelizmente, nos últimos 50 anos, um vírus terrível atacou a Igreja de Cristo que se chama Ecumenismo, não o verdadeiro, o qual traz as pessoas para a Igreja Católica, mas o falso, o que esconde os ensinamentos de Cristo de vergonha de desagradar os ímpios e hereges, agravando assim a ignorância religiosa entre os católicos. Os ensinamentos de Cristo são omitidos ou distorcidos, causando mal-estar em quem conhece minimamente o catecismo e demais ensinamentos da Igreja.

Um fruto comum desse mau ecumenismo é a omissão de gestos e palavras que indiquem que a Eucaristia é o próprio Cristo. Todo o respeito e atos de latria, isto é, de adoração, devem ser feitos tanto para Cristo tal como o conhecemos nos Evangelhos, como também em sua presença misteriosa no sacramento da Eucaristia. Por isso há tantas genuflexões durante as cerimônias. Por isso apenas o sacerdote que teve as mãos ungidas lida diretamente com esse sacramento. A Igreja sempre ensinou que há certas coisas que convém o sacerdote fazer e não os leigos, por questão de respeito às coisas sagradas, de respeito ao sacramento da Ordem que é algo real na alma do sacerdote e o diferencia do leigo. Apenas os protestantes e padres modernistas acham que tanto um leigo como um sacerdote podem fazer exatamente as mesmas coisas na Igreja ou nas suas cerimônias. Com razão pode-se desconfiar de adesão à heresia protestante o sacerdote, padre ou bispo, que se nega a segurar no ostensório para fazer a procissão com o Santíssimo Sacramento e delega para um leigo ou leiga executar tal função.

Também cheira protestantismo a prática da comunhão nas mãos, como se as mãos do leigo tivessem a mesma dignidade que as mãos do sacerdote, pouco importando qual mão transporta a Eucaristia para os demais fiéis. Sem considerar, além disso, a porta aberta que isso deixa para inúmeras profanações e sacrilégios, pois em geral o fiel simples não sabe purificar as mãos devidamente, deixando partículas caírem no chão, como se Cristo não estivesse presente em cada uma das partes da Hóstia consagrada conforme belamente se canta no Lauda Sion. Aliás, muitos sacerdotes, padres ou bispos, também incorrem no mesmo erro, com gravidade maior, pois têm a obrigação de saber lidar com a Eucaristia, ao tratarem as partículas consagradas como se fossem um mero pão de padaria. Basta ver que não pinçam os dedos após a consagração, conforme a Igreja ensina tradicionalmente e que não revogou tal prática, mesmo no missal de Paulo VI. Para espanto daqueles que possuem a verdadeira fé na presença real, após a consagração tais sacerdotes seguram de modo despudorado no microfone como se não fosse necessário purificar as mãos antes de passar a usar as mãos para práticas profanas. Alguns padres modernistas zombam das práticas tradicionais da Igreja dizendo que a mão seria tão ou mais limpa que a língua, ignorando, ou fingindo ignorar, que a questão subjacente não é de higiene, mas de fé e respeito à presença real de Cristo na Eucaristia e ao sacramento da Ordem intimamente ligado a ela.

O Rito Tradicional, com a sabedoria de 2000 anos de história, é blindado contra tais erros e cheiros de protestantismo. As cerimônias, as músicas, as leituras, tudo proclama clara e limpidamente a doutrina de Cristo. Sem ambiguidades. Sem profanações. Sem infantilidades. Buscamos dar o que é melhor para Deus.

Cristo instituiu a Eucaristia após a Ceia, logo não estamos aqui para matar a fome, partilhar comida com os outros ou comer churrasco, mas estamos aqui para adorar Deus que morreu por nós. Por isso a Igreja pede que se esteja em jejum de 1 hora antes da comunhão, para não confundir a Missa com um banquete mundano. A Missa tem um caráter secundário de banquete, mas falar apenas de banquete e nada de sacrifício é, novamente, dar ares de protestantismo ao que é feito na igreja, equiparando a Missa a um culto luterano. É de se espantar que haja tantos católicos que passem para as seitas protestantes, visto que nas suas paróquias nada de exclusivamente católico é dito ou ensinado e tudo cheira protestantismo? Ocorre, por vezes, que aquilo que é mais católico é relegado a uma posição secundária, afastada, como que dita apenas de passagem, sem a devida ênfase. Além disso, o altar do sacrifício é distorcido e tratado apenas como uma mesa de banquete. Equipara-se a presença de Cristo na Bíblia com a presença real na Eucaristia, a qual é muitíssimo superior, como uma pessoa fisicamente presente na minha frente vale mais do um texto escrito por ela no meu Whatsapp. Na Consagração, não ignoramos o pedido dos Papas em usar a expressão “por muitos” e não o “por todos”(https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/letters/2012/documents/hf_ben-xvi_let_20120414_zollitsch.html), pois buscamos apenas transmitir fielmente as palavras da Igreja, mostrando que estamos de fato em comunhão com ela, sem alterá-las para um gosto pessoal, como se fossemos proprietários da liturgia, moldando-a conforme nossas ideologias. Aliás, de que adianta falar apenas com a boca em comunhão, comunhão, comunhão, se na prática se age como se pertencesse a uma igreja separada de Roma, autocéfala, insistindo no uso do “por todos”, na contramão do que a Igreja e os Papas pedem, onde até mesmo a versão latina do Missal de Paulo VI possui a expressão “por muitos”?

Os católicos devem seguir o que foi ensinado no Concílio de Trento e, por sua vez, se afastar daquilo que os protestantes luteranos faziam ou fazem.

Hoje, ao contrário, é o dia para transmitir claramente a doutrina de Cristo sobre a Eucaristia. Sem medo. Sem palavras confusas. Fazendo como a Igreja sempre fez por 2000 anos e continuará fazendo até o fim do mundo.

Que possamos desagravar tantas profanações contra o Santíssimo Sacramento e contra a integridade da doutrina de Cristo que ocorrem no mundo de hoje, sobretudo entre aqueles que dizem pertencer ou representar a Igreja Católica. Conheçamos bem a doutrina de Cristo para repudiar o veneno insidioso de satanás que busca sempre brechas para atacar Cristo em nós. Façamos a procissão não de modo mecânico, mas convictos que possuímos algo de valor infinito, que todos deveriam nos seguir e que apenas quem é espiritualmente cego ou como que um animal despreza a presença real do Criador e Salvador nosso.

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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