Sermão do Domingo da Santíssima Trindade (2018)

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Hoje festejamos a Festa da Santíssima Trindade. Pode parecer algo um tanto abstrato e longe demais de nossa realidade cotidiana, mas é justamente a firmeza na fé da existência da Santíssima Trindade que nos dá força para resistir a todas as adversidades.

Cristo, sendo Deus, não se engana nem pode nos enganar, logo do mesmo modo como ele disse que há 3 Pessoas em Deus, também ele disse que não devemos temer o mundo, pois Ele venceu o mundo. A coerência da fé católica é tal que se 1 ponto fosse falso, cairia por terra todos os outros pontos. Mas, mesmo após 2000 anos de incredulidade e pecados, as palavras de Cristo permanecem verdadeiras e inabaladas. Há de fato 3 Pessoas em Deus como, de fato, Cristo nos sustenta e apoia apesar de todos os obstáculos de nossas vidas. É por isso que invocamos a Santíssima Trindade no começo do sermão, para que Ela nos auxilie a escutar com fruto aquilo que é transmitido.

Ao longo do ano litúrgico comemoramos no Natal Deus na Encarnação da 2ª Pessoa da Trindade em Jesus Cristo. Recentemente, em Pentecostes, enfatizamos a presença do Espírito Santo atuando em benefício da única Igreja de Cristo. Agora, retomamos a ênfase em Deus Pai, Criador e Governador de todas as coisas, fechando assim o conjunto das 3 Pessoas Divinas.

É preciso humildade para acreditar em algo que não vemos com clareza. Os orgulhosos, incapazes de verem os próprios limites, não conseguem aceitar a Santíssima Trindade, pois não descobriram isso por conta própria. Nós, católicos, sabemos da existência da Santíssima Trindade devido ao testemunho verdadeiro de Cristo.

Essa distinção entre orgulhosos, que negam Cristo direta ou indiretamente, e os humildes, que aceitam Cristo como verdadeiro, marca uma profunda divisão na sociedade. Neste dia, estamos a comemorar uma verdade ensinada por Cristo, priorizando em nossas vidas a verdade eterna e não os bens passageiros. Os orgulhosos, por outro lado, desprezam a verdadeira fé e vivem apenas em busca dos bens passageiros que hoje existem e amanhã já deixam de existir.

No mundo visto pelos orgulhosos, em geral, o único objetivo de vida é acumular bens e dinheiro. Tudo vale quando o assunto é ter mais dinheiro para si, passando por cima do bom senso e da lei natural. Se outros irão morrer ou serem gravemente prejudicados, pouco importa, “o que importa é eu ficar mais rico”, dizem eles. Cegos que não veem quantos pecados acumulam em suas almas preparando, assim, o caminho para o fogo eterno.

Ao invés de se preocuparem em salvar as próprias almas, os orgulhosos preferem correr de um lado ao outro em esquemas políticos, pressões sociais, considerando que os fins justificam os meios, sem pensar no que a Santíssima Trindade preferiria como solução.

Essa posição de orgulho, de modo mais velado, também pode afetar os católicos. Quando fazemos ou falamos algo apenas pensando nos próprios interesses, como se não houvesse mais 3 Pessoas assistindo nossas atividades, desse modo, agimos de modo orgulhoso.

A fé na Santíssima Trindade não deve ser uma mera aceitação abstrata, mas sim algo que concretamente muda nosso comportamento e modo de pensar. Cada uma das Pessoas Divinas possui uma característica que a Igreja salienta para nos motivar e conversar com elas. Pelas orações, sobretudo na Missa, temos a oportunidade de obter essa real mudança em nossas vidas. Devemos invocar com frequência a Santíssima Trindade pelo sinal da cruz e o nome de cada Pessoa Divina para guiar nossas ações, como o acordar, o comer e antes de dormir. Infeliz de quem desperdiça seu tempo aqui, na Missa, pensando em outras coisas.

No caso da Missa, temos a riqueza daquilo que nos é proposto pelo texto litúrgico do dia, mas alguém poderia reclamar: mas é sempre o mesmo texto todo ano! Ao que se responde: sim, mas um católico inteligente sempre sabe tirar tesouros novos da riqueza insondável dos ensinamentos de Cristo presentes na liturgia por meio de Sua Igreja. A própria leitura de hoje de São Paulo fala dessa infindável fonte de sabedoria de Deus que é transmitida pelas palavras da Bíblia.

Muitos se arrancam os cabelos devido à atual calamidade material do país, mas pouco se preocupam com a calamidade espiritual que a precede. Muitos correm para encher os tanques de seus carros, mas poucos correm para encher os tanques de suas almas na Missa ou no Confessionário. É de se espantar, então, que o país caminhe cada vez pior?

De que adianta um golpe militar se a Santíssima Trindade não é colocada em primeiro lugar? Primeiro cuidemos de nossas almas e todo o mais nos será dado por acréscimo. Conversemos com a Santíssima Trindade nas orações da Igreja, no que ela ensina através da Bíblia e do Magistério sério da Igreja. Não temamos o caos social, pois se estamos com Cristo, quem poderá nos vencer? É melhor morrer de fome em estado de graça, como o pobre Lázaro, do que encher o tanque e o bolso e depois queimar eternamente no inferno.

Busquemos a Santíssima Trindade em todos os aspectos de nossa vida, pois se Cristo nos revelou tamanha verdade, não era para a guardamos numa gaveta escondida em nossa alma, mas para que a façamos lucrar o cêntuplo como a cada pérola que Ele nos deu.

E é na fé em Cristo que podemos sempre invocar com confiança o auxílio da Santíssima Trindade em nossas vidas, principalmente nas dificuldades, dizendo: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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