Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Lemos no Introito da Missa de hoje o seguinte trecho do salmo 47: “Comemoramos, Deus, a vossa misericórdia, dentro do vosso templo”. Esse trecho coincide com a leitura do ofício de Matinas do Breviário de hoje em que se relata a finalização do Templo de Salomão em que Deus aparece sob uma forma misteriosa para mostrar que será lá onde se fará os sacrifícios agradáveis a Deus. Estamos falando aqui do verdadeiro Templo de Salomão, construído em Jerusalém antes da vinda do Messias, feito para agradar o verdadeiro Deus até o dia da sua abolição com a chegada do Messias e do verdadeiro sacrifício que pode ser oferecido em qualquer parte do mundo e não mais apenas no Templo de Jerusalém. Isso em nada se relaciona com o templo construído em São Paulo em que se venera o deus-mammon, isto é, o dinheiro, e que possui o mesmo nome de modo sacrílego.
Quem diz Templo, diz sacrifício, e quem diz sacrifício, diz sacrificador, isto é, o sacerdote.
O sacerdote é o fiel católico batizado, do sexo masculino, que recebeu o sacramento da Ordem de modo indelével na sua alma.
Hoje muitos padres não sabem o que são ou para quê servem, o que também redunda numa grande ignorância da parte dos fiéis, mesmo os ligados à Tradição da Igreja, os quais, por falta de formação, criam certos fantasmas ou ilusões sobre o que seria um sacerdote. Daí o surgimento de tantos padres operários, padres cantores e outros artistas cujo foco é a si mesmo e não mais a glória de Deus através do zelo litúrgico.
De modo irônico, mas um tanto verdadeiro, poderíamos resumir assim o que um fiel pensa sobre o padre ideal: O padre ideal condena o pecado, mas não deixa ninguém contrariado. Ele trabalha das 8 da manhã até a meia-noite e é também porteiro, isto é, sempre disponível em casa para atender todos imediatamente. Ele ganha 50 reais por semana, compra roupas adequadas, livros, tem um carro, e dá semanalmente 50 reais aos pobres. Ele é jovem, tem uns 28 anos de idade e já tem 30 anos de experiência de pregação e confissão. Ele gosta de trabalhar junto dos jovens, gastando todo o seu tempo acompanhando os idosos. Ele está sempre sorrindo, sendo um exemplo de seriedade e gravidade. Ele atende 15 famílias por dia e também todos os doentes no hospital e está sempre disponível no seu escritório. Ele também nunca fica doente. Enfim, as expectativas desse resumo são claramente irreais.
A finalidade primeira e principal do sacerdote é a de oferecer o sacrifício agradável a Deus. É no mínimo estranho um padre priorizar em sua vida outra coisa que não seja a liturgia divina, é como um bombeiro querer aprender a manipular armas e ter medo do fogo, ou um policial querer aprender a apagar diversos tipos de incêndio e ter medo de armas, se diria que se escolheu a função errada…
A origem de tanta confusão no que concerne o sacerdócio está, sobretudo, em 2 fatores: uma falsa noção de vocação sacerdotal e uma distorção do significado da Missa. Atingido o significado da Missa, consequentemente se atinge o significado do sacerdócio. Quando a Missa deixa de ser vista como sacrifício e passa a ser vista apenas como uma refeição ou banquete, então o padre não será mais o homem do sacrifício e que se sacrifica pelo bem das almas, mas será simplesmente o homem das reuniões, das pastorais sem fim, será um animador de comunidades, um funcionário, cuja função seria fazer as pessoas se sentirem bem, ignorando as necessidades de Deus [no sentido de nossas necessidades para com Deus]. O padre verdadeiro, ao contrário, sacrifica alguns bens naturais, como o ter sucesso no mundo ou constituir família, para em troca obter qualidades espirituais e assim guiar as almas para Deus com todo o seu ser.
Além da função de santificador, o padre também possui as funções de governar e ensinar os fiéis. Em primeiro lugar é o bispo quem reúne essas 3 funções, mas o padre, por analogia, também coopera nesse trabalho pelo bem da Igreja. Convém, portanto, seguir um padre para aprender exatamente o que a Igreja ensina e transmitiu ao longo dos séculos do seu tesouro da Revelação e Tradição. Convém também pedir conselhos a um padre para saber qual rumo seguir em assuntos complicados, sobretudo no meio de tanta confusão dentre os membros da Igreja e também no mundo secular.
Os fiéis leigos devem, então, tomar cuidado para não usurpar a função dos padres lidando com o que não lhes compete, isto é, o cuidado das almas. Um bom católico saberá os limites de seus conselhos indicando um padre a um iniciante na fé para resolver certas questões mais complicadas, como qual caminho seguir em sua vida ou como analisar de modo sóbrio a situação atual da Igreja. Se já não é prudente agir sem pedir conselhos, quanto mais quando ignoramos os conselhos de um padre! Isso não quer dizer que o padre tenha a resposta perfeita para tudo, mas que ele recebeu formação e graças especiais para dar conselhos de qualidade.
Quando combatemos de modo direto ou indireto o sacramento da ordem há a desordem, divisões, como vemos entre os protestantes e seguidores do modernismo. Por isso, ao invés de criticarmos os padres ou afastarmos as outras pessoas de o buscarem, rezemos pelo clero de modo sincero conforme a Igreja já pede nos louvores divinos quando fazemos a adoração do Santíssimo, para que eles possam cumprir bem as suas funções ao que darão conta a Deus dos bens que receberam. Nesse sentido também os fiéis podem colaborar (e não usurpar) com o trabalho do padre de muitos modos estando sempre sob a sua direção. Desde através da ajuda material ou com certos trabalhos práticos (ajudar a administrar as finanças e outras burocracias, por exemplo) até dando aulas para outros grupos de fiéis e os preparando para se tornarem verdadeiros católicos apostólicos romanos.
Que Nossa Senhora, mãe dos sacerdotes, nos guie para que tenhamos cada vez mais santos sacerdotes para renovar a face da Igreja e, assim, renovar a face da Terra.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Os comentários estão fechados.