Sermão do VIII Dom. depois de Pentecostes (2018)

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Hoje aprendemos com Nosso Senhor a evitar os falsos profetas. A palavra profeta pode ser usada com vários significados, mas o significado que quero salientar aqui é o de “professor”. De certo modo, os profetas do Antigo Testamento eram como que professores para os judeus de sua época. Havia até mesmo escola de profetas. Quem saia dessa escola não era, evidentemente, com a presunção de fazer profecias no sentido cinematográfico de prever o futuro (que só Deus conhece), mas no sentido de aprender melhor sobre Deus e o mundo.

Como em tudo nesta vida, é preciso estar atento contra aquilo que é falso, sempre tentando nos enganar. No caso, devemos evitar os falsos profetas, isto é, os falsos professores. Devemos ter critérios bem rigorosos antes de eleger alguém como nosso professor ou mestre. Devemos ver se é a sincera busca da verdade que nos move a escolher alguém como mestre ou se é por pura empatia sentimental ou, pior ainda, se é para achar alguém que anestesie nossa consciência fornecendo desculpas aos nossos erros e pecados.

Na história da humanidade apareceram muitos falsos profetas, antes, durante e depois da vida de Cristo na terra. Podemos citar aqui algumas pessoas que se tornaram mestres de muitos homens, mas que, ao invés de levá-los a um conhecimento mais claro da verdade, os levaram ao erro e à escuridão da ignorância. Por exemplo, antes de Cristo, havia uma multidão de filósofos gregos sofistas que impediam as pessoas de chegar na verdade. Buda, por sua vez, ensinava erroneamente que o mundo criado era mau e seria melhor não existir a existir com o sofrimento próprio da imperfeição das criaturas. Maomé, após a vinda de Cristo, ensinava erroneamente que Jesus não era Deus e que o Alcorão seria de origem divina e não a colcha de retalhos de fabricação humana que realmente é. Lutero, revoltando-se contra Cristo, se afastou da única Igreja verdadeira para criar a sua “igreja” baseada numa leitura torta da Bíblia. Enfim, o número de falsos profetas, infelizmente, é muito maior do que o número de verdadeiros profetas.

Para escolher um bom profeta, Jesus nos dá uma dica: veja os frutos. São Paulo também diz para ficarmos com aquilo que é bom. É preciso, então, buscar conhecer os professores que temos ao nosso redor e ver qual deles produz melhores frutos. Não devemos buscar um mestre apenas porque ele diz algo que queríamos escutar e não a verdade objetiva e imutável. Por isso a escolha de uma religião a ser seguida não deve ser como um restaurante self-service em que escolho o que mais me agrada, mas sim devemos nos submeter e adaptar à verdade que está na criação e colocada por Deus no mundo para chegarmos até Ele. Se fazemos isso, chegaremos inevitavelmente na religião católica.

Todos aqueles que foram atrás da verdade, através do estudo e da meditação pessoal, mesmo tendo acidentalmente nascido numa falsa religião, como o protestantismo, o islamismo, o hinduísmo, ou ainda o ateísmo, chegará no conhecimento que a verdade está de modo claro e pleno na religião católica. Não podemos esquecer que a graça de Deus também age para nos ajudar nessa busca, mas se não combatemos essa graça e nos dedicamos ao estudo, Deus é bondoso para nos abençoar e nos fazer ver com clareza aquilo que Ele está como que ansioso para nos fazer conhecer. Por exemplo, o cardeal Newman, inicialmente protestante anglicano, ao estudar a história dos homens e, em particular, a história da Igreja, não pôde senão concluir que a Igreja verdadeira é a Igreja Católica Apostólica Romana e não a anglicana a qual foi criada por um mulherengo de nome Henrique VIII para satisfazer os seus desejos pessoais e não para servir a Cristo. Também podemos ler sobre histórias de outras pessoas que estudando chegaram na fé católica, conversão nem sempre tranquila, como no caso dos maometanos e judeus que correm até mesmo perigo de vida ao se tornarem católicos. Recomendo aqui lerem a obra Confissões de Santo Agostinho, sobretudo para quem é católico desde o berço, para se ter um pouco uma ideia de quão valiosa é a verdade da qual somos possuidores.

No caminho oposto, se nos afastamos do estudo e perdemos o nosso tempo com pecados ou inutilidades, acabaremos então nos afastando da Igreja de Cristo e aderindo ao erro. Por isso, se já nascemos católicos, mas não buscamos nos aprofundar no conhecimento da nossa fé, corremos um sério e real risco de deixarmos de ser católicos, seja de modo externo, se somos coerentes, seja de modo velado e interno, se somos covardes e queremos mantém uma fachada social.

Se interessar pelas coisas de Deus, colocando-o como prioridade e objetivo das nossas escolhas nesta vida, é um bom sinal de que estamos no caminho certo. Todavia, se nos interessamos pelas coisas mundanas e pelos que não são católicos pensam ou fazem, então estamos preparando um terreno propício para aderir ao erro.

Alguém poderia ainda objetar: “mas é difícil estudar! Eu sou uma pessoa de origem simples.”. Ora, isso não é impedimento para se chegar em um nível de conhecimento da verdade compatível com as próprias capacidades. Aliás, muitas vezes uma pessoa rude e simples é capaz de ver com mais sabedoria a ordem do mundo do que muitos doutores e cientistas que apenas sabem repetir o erro de outros como que papagaiando sem saber pensar por conta própria. Basta ver o número de cientistas evolucionistas que recebem dinheiro para tentar provar uma coisa que não existe…

Enfim, cada qual deve ter, no mínimo, um real interesse de busca da verdade e não se conformar com a própria ignorância. Como isso traduzirá na vida de cada um pode variar.

Que o Espírito Santo, Espírito da Verdade, nos ilumine para que reconheçamos o quanto antes os falsos profetas para, fugindo do erro, possamos buscar a verdade sem obstáculos

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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