Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Hoje, no Brasil, solenizamos a festa da Ascensão de Nosso Senhor aos Céus da quinta-feira passada. Isto é feito, pois, no Brasil, quinta-feira não é feriado e podemos assim ler hoje sobre um dos principais mistérios da nossa salvação junto com os da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
Também hoje no mundo civil se comemora o dia das Mães ao mesmo tempo que ele desaprova que as mulheres tenham filhos e elogia o aborto, o que apenas mostra que a contradição é a marca do diabo, príncipe do mundo.
E temos ainda hoje, por coincidência, a comemoração de Nossa Senhora de Fátima, provavelmente a aparição mais importante do século passado.
Nesse sentido podemos fazer um paralelo entre a Ascensão de Nosso Senhor e a mensagem de Nossa Senhora de Fátima.
Pela Ascensão, Jesus prepara para nós o caminho para o Céu, dando-nos Esperança de um dia lá chegar, bem como a vinda do Espírito Santo para guiar a Sua Igreja. Todavia, os homens, por culpa própria, não aproveitam as obras da salvação de Nosso Senhor e preferem seguir a rota para o inferno conforme lamenta Nossa Senhora de Fátima.
Nossa Senhora diz que não há quem se sacrifique e reze por essas almas que vão para o inferno. Cristo fez a sua parte, cabe agora fazermos a nossa. É preciso, como a própria aparição demonstra, começar a temer o inferno, tanto para si como para os outros. Sem isso, infelizmente não sairemos de nossa inércia.
Parte dessa inércia vejo em algumas pessoas que relatam que após fazerem o exame de consciência nada acham para se confessar. Isso é curioso, pois os santos, por mais santos que fossem, sempre achavam algo de errado a ser consertado em suas vidas. E quando digo algo de errado, digo algo real, na vontade, não as imperfeições que são intrínsecas à natureza humana. Não se deve confessar, por exemplo, que não conseguiu passar a noite toda rezando, pois acabou, sem querer, dormindo. Ou ainda que, sem querer, durante uma Ave Maria rezada, acabou imaginando num momento uma coisa sem sentido, pois tudo isso não é pecado, mas apenas a natureza humana agindo nas suas limitações. Se de fato não conseguimos ver nada para confessar é melhor não se confessar a correr o risco de cometer sacrilégio falando ter feito o que não fez, ou confessar aquilo que não está disposto a mudar.
Voltemos à questão do exame de consciência e o comparemos com um exame de matemática. Num momento da vida fazemos um exame que envolve apenas operações de adição e subtração. Logo dominamos o assunto e de fato não erramos mais nesse tipo de conta. Mas Deus não quer que saibamos apenas somar e subtrair, mas que avancemos no conhecimento, aprendendo a multiplicar, dividir, fatorar, integrar etc. Do ponto de vista espiritual, algumas pessoas moldam suas vidas de modo a apenas a lidarem com adição e subtração, não dando espaço para problemas envolvendo formas mais complexas de conta. Dito de outro modo, elas criam um mundo cômodo para si mesmas, de modo que tudo está sob controle e fácil de lidar. Algumas pessoas pensam que basta não roubar e não matar para ser santo. Contudo, o mundo real não é assim e é claro que desse modo se está excluindo da vida várias inspirações de Deus para fazermos mais por Ele. Que uma criança saiba apenas o básico do catecismo e reze apenas uma Ave Maria antes de dormir, é compreensível, mas que um adulto pense que uma vida espiritual assim baste para cumprir a vontade de Deus, ele está errado e ignora que Deus nos dá muito do ponto de vista natural e sobrenatural e vai cobrar de volta o que fizemos com tais talentos.
No nosso exame de consciência devemos pensar no que podemos fazer a mais por Deus e menos para si, bem como quais defeitos nós temos se nos compararmos com pessoas mais santas e exemplares. São Francisco de Assis podia ser mais prudente. São Jerônimo mais paciente. São Cipriano mais manso. Sempre há algo a mais a ser feito.
Tomemos o exemplo das mães, de fato elas têm bastante coisa para cuidar, do marido, dos filhos, da casa e, por vezes, do trabalho. Entretanto, pode ser cômodo para elas se escudarem em tais coisas fechando-se a fazer algo a mais por Deus. Alguém pede algo para elas e elas veem nisso uma fonte de desculpas que as blindam de serem mais generosas. Não é o caso aqui de criticar as mães de famílias numerosas, claro que não, mas de provocá-las a pensar se realmente são honestas quando dizem não poder fazer tal coisa a mais ou de não poder estudar mais sobre a doutrina da Igreja.
Se as mães católicas são generosas com Deus, com esse exemplo arrastarão para si seus filhos e muitos outros para poderem de fato subirem ao Céu conforme deseja Nosso Senhor. Que as mães católicas conheçam bem Nossa Senhora, para através desse exemplo, poder gerar novos Cristos e Marias para o mundo. Que elas não invejem as mulheres do mundo que desconhecem Cristo e Sua Igreja, pois no dia do Juízo verão quão infelizes elas são. Não temam o mundo, pois Cristo venceu o mundo. Confiem no Espírito Santo que guia os seguidores de Jesus para chegarem com segurança no porto da Salvação.
Sem as mães a humanidade não tem futuro. Sem mães católicas, a humanidade não tem um final feliz. Rezemos pelas nossas mães para que elas busquem cada vez mais a Deus de modo a arrastar junto com elas inumeráveis almas, revertendo o cataclisma predito em Fátima de almas “caindo para todos os lados” no inferno.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Os comentários estão fechados.