Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Não há filho tão bom que não corra perigo de degenerar, nem tão mau que não possa se corrigir. É possível que tantos pais possam dizer: “Não podemos com ele”. Entretanto, isso se dá não porque o filho seja incorrigível, mas por falha dos pais (de conhecimento, de fraqueza, no uso de meios inadequados, etc.).
A maioria dos pais e mães ficaria espantada se recebessem a seguinte pergunta: “Qual é o programa de vocês em relação à educação dos seus filhos?”. Por programa não estamos falando de metas quinquenais, ou algo semelhante, mas uma ideia claramente concebida, um projeto bem determinado, uma finalidade a qual se quer chegar e os meios adequados para isso. Quaisquer sócios que formassem uma empresa, jamais o fariam sem ter certeza do que devem fazer, nem a colaboração que cada um deve dar.
Um esboço não basta. Qualquer pai e qualquer mãe têm um esboço: um hábito bom que querem inculcar nos filhos, alguns defeitos que estão dispostos a não tolerar nunca, uma certa quantidade de virtudes que o jovem deverá ter. Entretanto, esses projetos isolados não podem ser chamados de programas. Não basta dizer assim: “O que mais desejo é que minha filha que ame, e isso basta”, ou “Que meu filho seja trabalhador. O resto não me preocupa”.
Também é necessário fugir dos falsos programas. Uma educação totalmente orientada para ter fortuna, ou dar qualidades para ter altos cargos, ou coisas assim, são falsos programas.
O autêntico programa da educação dos filhos é a Lei de Deus. É necessário sempre nos lembrarmos do que foi claramente assentado no último sermão: a finalidade da família é de formar os filhos para dar a Deus o culto que Lhe é devido. Colocar os filhos no caminho da eternidade feliz é o programa por excelência de educação na família. Agora, a lei de Deus é dupla: a lei natural e a lei sobrenatural. E, hoje, trataremos dessa primeira lei, a lei natural, na educação dos filhos.
A lei natural nada mais é do que os deveres que nos obrigam em nossos atos, e que nos são conhecidos pela inteligência. Deus deu para o homem a inteligência, para que ela funcione como uma tocha que ilumine seus passos ao caminhar. A inteligência diz para nós: tal coisa está bem, outra não está; isto é permitido, aquilo não.
Os pais e mães têm grande papel em ir criando nos filhos uma inteligência que saiba bem o que é certo e errado. Levantam o dedo, arregalam os olhos, franzem a testa, adotam um ar severo, aprovam isto ou aquilo, recompensam um ato, etc. As pessoas são como cordas de um instrumento musical, capazes de produzir boas notas, mas é necessário saber afiná-las e tocá-las.
A educação a partir da lei natural é aquela que age conforme às quatro virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Daí a importância de que os pais conheçam essas virtudes, quais são as coisas que elas regram, os tipos de atos que as compõem, os vícios opostos, etc. Os pais devem tomar cuidado para não omitir um só preceito da lei natural, ou pior, não ensinar um deles de modo voluntário. Por falta de advertência, ou negligência, ou preguiça, os pais podem acabar não moldando os filhos na prática de algumas virtudes: humildade, discrição, benevolência. Os filhos crescerão quebrando as virtudes que dão dignidade e encanto ao homem, serão grosseiros, vaidosos, indiscretos.
A lei natural não é uma abstração. É composta de atos concretos. Um princípio não pode ser sacrificado com a desculpa de cultivar outro: “Não tem problema que meu filho seja guloso. Ele precisa de energia para trabalhar bem”. Ou: “Minha filha fala mal das outras, mas isso não tem importância, contanto que seja sincera e nunca minta”. Não somos donos da lei natural. Não podemos modificá-la ao nosso bel prazer. Seria tão absurdo quanto ver um empregado roubar aqui, pagando um preço justo lá, e achar isso normal.
Para isso, os meios a usar são:
a) Uma sólida instrução moral: É necessário incutir princípios, com muita tranquilidade, e ir tirando as consequências positivas e negativas, mostrá-las, no caso de pecar contra ela, e mesmo antes dos filhos agirem, para que saibam onde colocarão os pés, e como devem fazê-lo.
b) Examinar como os filhos agem: Os pais não podem se contentar com um exame de sua própria conduta, mas devem examinar a conduta dos filhos, sob o olhar dos princípios da lei natural. Se os pais fizerem isso, verão quantos erros os filhos cometem. Mas os frutos compensam muito as decepções, pelas alegrias que vêm dos acertos após as correções de suas falhas.
c) Recorrer ao próximo: Ninguém é bom juiz em causa própria. Um olhar amigo verá o que não vemos, porque estamos acostumados com certas coisas já. É bom que os pais perguntem para alguém de confiança se há coisas que estão deixando escapar. Quantos erros serão evitados, e quantos remorsos serão prevenidos, que poderiam durar anos...
d) Ler muito: Biografias construtivas, que são espelhos para nós. Livros que ensinam convicções e ideais nobres. Livros que nos deem ideias de como melhorar a formação a ser dada aos filhos, porque sozinhos não podemos pensar em tudo que ajudará na educação deles. É um grande erro não ler a vida dos santos, seja por achar que não é possível imitá-los (pelo menos nas ações comuns), seja porque para dar uma boa educação é necessário mirar mais alto ainda (como temos fraquezas, para tirarmos um bom resultado de nossos esforços, é necessário visar mais alto, e o resultado será bom).
Finalmente, é necessário que os pais façam os filhos ver os sacrifícios pelos quais passam, visando sua formação. O zelo que os filhos veem nos pais é um excelente complemento da educação dada. As abnegações dos pais são uma coação gigantesca no coração dos filhos. Só o filho mais ingrato e com o peito mais gelado seria capaz de lançar para as costas tudo o que viu seus pais fazerem de sacrifício. Salvo um caso assim, a abnegação dos pais deixa uma marca indestrutível na alma dos filhos, e eles os imitarão, porque se verão coagidos a isso, não pela força física, mas pela gratidão e pelo amor do bem dos filhos que terão.
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
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