Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
A maioria dos fiéis que assistem à Santa Missa no rito romano tradicional, infelizmente, não conhecem o que assistem a cada domingo. Por isso, nos pareceu necessário explicar a origem história das orações e ritos da Santa Missa, os gestos e vestes do sacerdote, para ajudar os fiéis a rezar melhor durante a Santa Missa, entendendo do que estão fazendo parte.
O Rito romano tradicional é, na sua origem, o rito da missa tal como celebrado na diocese de Roma. Há muitos outros ritos da missa na Igreja Católica: o rito dominicano, o rito carmelita, o rito lionense (rezado na arquidiocese de Lyon, na França), o rito malabar (na Índia), o rito bizantino, o rito maronita, etc.
As diferenças entre os ritos são o resultado de várias causas, que se uniram em cada rito, produzindo um resultado final: a cultura de um povo, as heresias que existiram em um lugar e que foram combatidas de modo particular pelo próprio rito da missa, a importância do bispo ou patriarca que tinha influência na região em que aquele rito se originou, as verdades de fé que deviam ser mais destacadas diante dos fiéis daquele lugar, etc. Por exemplo, o bispo de Roma não é qualquer bispo. Ele é o chefe da Igreja Católica, e isso deve ser deixado claro. Evidentemente, o rito do bispo de Roma não será semelhante ao rito usado pelos outros bispos…
O rito de Roma não é nem a obra de um só homem nem a obra de um só dia. É uma obra anônima na qual trabalharam numerosos operários quase todos desconhecidos atualmente, e cuja conclusão demorou séculos. É uma catedral construída em diferentes momentos e que tem as marcas de épocas sucessivas.
Mas vejamos de perto o que acontece no rito da Santa Missa, e aos poucos entenderemos melhor o que queremos dizer que a cada domingo assistimos aqui o rito de Roma, e como ele foi sendo construído com o passar dos séculos.
Atualmente a Santa Missa começa com as orações ao pé do altar. Nelas, o sacerdote recita o Salmo 42, pede perdão a Deus pelos seus pecados, recitando o Confiteor, e termina recitando uma parte do Salmo 84. Só então sobe ao altar.
Antes da codificação do Missal Romano feito por São Pio V, durante a Idade Média, o Salmo 42 era recitado regularmente por todos os padres antes de rezar a missa, na sacristia, ou de memória durante a procissão para chegar ao altar. Ainda pouco antes da edição do Missal feita por São Pio V uma edição do Missal Romano de 1550, feita pelo Papa Paulo III, diz que o padre deve recitá-lo sozinho, em voz baixa ou em silêncio, antes de chegar ao altar. É o que fazem até hoje os religiosos do Carmelo no rito carmelita.
Porém, é na sacristia, imediatamente antes da missa, que os padres menos tempo têm para se preparar. Pessoas andando, pedindo favores, querendo um conselho rápido ou fazendo um convite, acólitos atrasados, ou mesmo o padre atrasado, tudo isso não ajuda em nada o recolhimento e a oração do sacerdote antes da missa.
Sabendo disso, São Pio V determinou, na sua edição do missal em 1570, que o Salmo 42 fosse anexado à missa, para que o sacerdote e os ministros sagrados que o servem (diácono, subdiácono, acólitos) por mais que tenham tido muito tumulto antes de começar a missa, possam ter um mínimo de preparação ali, diante do altar. É por isso que hoje ele faz parte do começo mesmo da Missa Tridentina. Antes elas eram orações recitadas privadamente pelo padre, na sacristia. Agora são recitadas publicamente, tendo sido integradas ao rito romano da missa.
Como, antes de São Pio V, as orações ao pé do altar eram recitadas pelo padre na sacristia, a missa começava de fato no Introito. Por isso: a) o padre faz um sinal da cruz ao começar a recitar o introito da missa; b) o coro canta o introito desde o começo da missa, e não espera o padre terminar as orações ao pé do altar para começar a cantar o introito.
Esse sinal da cruz que o padre faz no introito, na verdade, era o sinal da cruz com o qual o padre iniciava a missa. Depois de São Pio V, ele a inicia com as orações ao pé do altar, mas o sinal da cruz que era feito no introito foi mantido. A Igreja não destrói as coisas que ela sempre fez. Ela as mantém.
Agora, se a Santa Missa é o sacrifício do corpo e do sangue de Cristo sobre nossos altares, e o rito da missa procura indicar isso sem cessar, o que devemos ver nas orações ao pé do altar, e no Confiteor, que o padre reza profundamente inclinado, pedindo perdão pelos seus pecados, juntamente com os acólitos, quando se aproximam do altar? Devemos ver Cristo indo para o Jardim das Oliveiras, junto com seus Apóstolos, e começando a agonizar e a suar sangue, porque se aproxima a hora de que Ele se ofereça em sacrifício por nós. Um cerimoniário fica junto ao padre, como um anjo ficou junto de Nosso Senhor para consolá-lo. Os acólitos ficam longe, como os apóstolos ficaram longe.
E, assim, devemos ter dor sincera de nossos pecados, que fizeram Cristo passar tanta angústia no jardim das Oliveiras, sobretudo porque via pessoalmente cada um de nós, que não daríamos a mínima para Ele a cada vez que pecássemos. E, com esse arrependimento sincero, aliviar um pouco seu Sagrado Coração, que só recebe ingratidão dos homens, sobretudo pela indiferença com que assistem a Santa Missa, pela indiferença que têm de recebê-lo na Comunhão, pelas irreverências que os padres e outros católicos fazem ao rezar, servir e assistir a Santa Missa. Indiferença que vem de muitas décadas, e que nos fez merecer de Deus a punição de termos hoje missas tão absurdas que passamos do limite do tolerável, por nossa culpa, nossa culpa, nossa máxima culpa.
Se o sacrifício da missa foi instituído para o perdão dos pecados, como teremos a misericórdia de Deus se o ofendemos e somos indiferentes a Deus durante o próprio sacrifício da missa? Se até agora fomos ingratos ao Sagrado Coração, na missas, usemos desse maior conhecimento que temos do rito da missa para encontrarmos motivos de contrição, e fazermos com que o sacrifício de Cristo seja eficaz em nós.
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
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