Sermão do IV Domingo da Quaresma

Me alegrei com o que me disseram: Iremos à casa de Deus

(Salmo 121, 1)

Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Ave Maria…

A liturgia de Roma reservou este domingo para celebrar as glórias de nossa bandeira, que é a Cruz. Por isso a missa de hoje era celebrada antigamente na igreja da Santa Cruz em Jerusalém, onde estão as relíquias da Paixão: a Cruz de Cristo, um de seus cravos, um espinho de sua coroa, a cruz do bom ladrão, e o dedo indicador de São Tomé, que tocou nas chagas de Nosso Senhor. Há ainda uma capela que foi construída sobre terra trazida do Calvário por Santa Helena, mãe de Constantino. Por isso o intróito, o gradual, o trato e a comunhão fazem referência a Jerusalém.

Este domingo passou a ser chamado de Laetare, ou da alegria, pela primeira palavra do intróito. Este nome manifesta a característica de alegria que se apresenta visivelmente: paramentos de cor rosa (que era visto pelos antigos como um violeta mitigado, já que na Itália a cor violeta dos paramentos se aproxima mais do vermelho do que do azul), flores no altar, órgão, etc. Mas é necessário saber de onde vem esta alegria e de onde ela deve vir, porque é necessário saber discernir os espíritos, saber de onde vem os movimentos de nossa alma. Muitas alegrias não vêm de Deus.

A Igreja, que é mestra no discernimento dos espíritos, já o deixou bem claro pela festa de hoje: como dissemos, os romanos celebravam a alegria especial de hoje em torno da Cruz.

O padre precisa abraçar o sofrimento, mas não basta. Ele precisa fazer com que as pessoas que ele evangeliza também abracem o sofrimento. Toda a sabedoria da Igreja vem da Cruz. Fazer o casamento do Evangelho com o espírito do mundo é fazer as pazes com aquele que é sempre inimigo do sacrifício, é abrir as portas à relaxação, é fazer mal para as consciências sob o pretexto de tranqüilizá-las. Foi o amor da independência e do prazer que atraíram os homens para o mal. Cristo não veio tirar os sofrimentos do mundo. Ele veio tirar os pecados do mundo, mas não todo sofrimento. Para os sofrimentos Ele tinha outros planos: tirar deles um bem maior. Por isso o Salvador resumiu toda a vida cristã aqui: “Quem quiser vir depois de mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e me siga. Quem quiser salvar sua vida, a perderá; quem a perder por mim, terá a vida eterna”.

São João da Cruz fala claro sobre isso: “Meu irmão, se alguma vez alguém te convencer, seja ele bispo ou não, com a doutrina da via larga e de mais alívio, não acredite nele, ainda que prove o que diz com milagres. Penitência e mais penitência e desapego de todas as coisas. E nunca, se tu queres ter Jesus Cristo, o busques sem a cruz” (Carta ao Padre João de Santa Ana).

Mas isto não é possível que alguém compreenda só por explicação. Se Deus não dá luz para a alma, ela nunca entenderá que só se pode ser feliz levando uma vida de sacrifícios. Talvez um olhar em volta de nós coloque alguma ponta de questionamento, se vermos que o que as pessoas fazem hoje é buscar sempre conforto e diversão, e entretanto elas são profundamente frustradas e tristes. Mas daí a ver que é alegria de verdade ser chamado de louco, de fundamentalista, etc, porque se cumpre os mandamentos e se abraça a lei de Cristo até o fundo da alma, isso só Deus e Nossa Senhora podem fazer. Só eles têm a chave que abre as portas dos corações. E que Eles abrem em todos aqueles que pedem essa graça e não colocam obstáculo.

Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

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