Sermão do II Domingo da Quaresma (2018)

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Lemos hoje na epístola São Paulo dizer: “como aprendestes de nós de que maneira deveis andar para agradar a Deus” etc. e na mesma epístola ele diz: “nós vos exortamos, irmãos, a avançar, cada vez mais (na prática da virtude)”.

Todavia percebo que não posso dizer o mesmo, isto é, que aprendestes algo de nós, visto que muitos como que caíram de paraquedas na Missa Tridentina sem ter antes passado por uma formação catequética adequada. O tempo da homília é curto e por isso exorto a todos que busquem por conta própria avançar no conhecimento das coisas de Deus seja frequentando nossos cursos, seja por conta própria lendo livros católicos, como o Catecismo de São Pio X, ou o Filotéia de São Francisco de Sales.

Outros não aprenderam algo de nós não porque caíram de paraquedas aqui, mas porque frequentam nosso apostolado há um bom tempo e comparecem na Missa mais por obrigação do que por convicção, ignorando nossos ensinamentos, dando mau exemplo na Missa, distraindo os outros com conversas, olhares curiosos, celulares, movimentações desnecessárias durante a Missa e coisas do gênero.

Hoje falarei da confissão, visto que há muitos que não sabem nem o ato de contrição de cor, o que não é normal. Há crianças de menos de 10 anos que decoram longos atos de contrição e adultos que não sabem recitar um mínimo ato de contrição como o que consta em nosso site. Para quem não sabe que temos um site, basta procurarem por ibp-sp.org e lá encontrarão este sermão e dicas de como se confessar. Há vários modos de fazer o ato de contrição, um possível seria dizer com convicção: Ó meu Jesus, que sois infinitamente bondoso e amável, perdoai-me por ter pecado e Vos ter ofendido e, com o auxílio da Vossa graça, proponho-me firmemente a não mais pecar. Amém. Se você já decorou uma fórmula, ótimo, senão decore ao menos esta, para não perdermos mutuamente tempo no confessionário…

Outro ponto importante é saber se confessar direito, pois há quem não sabe o que fazer ou o que está acontecendo no confessionário. Calma! Não é preciso entrar em pânico, nem achar que é algo mágico e misterioso. Isso é feito há mais de 2000 anos na Igreja Católica e, após um pequeno catecismo, qualquer católico deve ser capaz de se confessar. Quem não o souber, ainda assim o padre ajuda, mas, como manda a caridade, não coloquemos todo o peso no padre se somos capazes de fazermos algo da nossa parte.

Comecemos a confissão ouvindo o padre e respondendo às suas perguntas. Não façamos uma lista inútil de todos os pecados veniais cometidos se não estamos seriamente comprometidos a lutar contra eles. O essencial são todos os pecados graves ainda não absolvidos. Falemos primeiro os mais graves identificando o tipo e o número de vezes. Não fale: pequei contra o 5º mandamento e pronto. É muito vago. Isso vai desde a ser grosseiro numa resposta de bom dia feita por um outro, até a matar a pessoa. O padre não tem bola de cristal para adivinhar o que está na sua cabeça. [aos internautas, sobretudo millenials: isso é só uma expressão, o IBP não apoia o uso de bolas de cristal ou qualquer forma de magia…]. Não fale também dos defeitos dos outros, isso não interessa, fale apenas daquilo que você fez e que está arrependido. Pensem sempre na fila que existe e não ignorem o sofrimento alheio de quem está esperando na fila.

Aos pais, não forcem seus filhos a irem se confessar se eles não estão preparados, nem buscam a confissão por conta própria. Nem forcem eles a se confessarem no primeiro agir mal da criança, pois o que um pai julga ser pecado grave muitas vezes não o é na criança mesmo, pois nela falta plena inteligência e malícia para certos atos. Deixem ela pedir espontaneamente a confissão, oferecendo oportunidades para ela, dizendo, por exemplo: iremos nos confessar, quer ir junto? Ou: quer se confessar hoje ou outra data? Contem histórias da importância da confissão também, mas não a forcem. Por exemplo, se uma criança fala uma gíria boba ou repete uma música que escutou na rua, isso não é um pecado gravíssimo e ela não precisa ir ao confessionário todo santo dia porque todo santo dia ela tropeça nesse ponto. Basta corrigirem ela na hora explicando o porquê do erro conforme a idade dela. Caso contrário, vocês acabam criando nela uma visão odiosa de Deus bem como do sacramento da confissão que exige plena consciência e plena vontade em fazer o mal seguido de plena vontade em mudar de vida. Isso muitas vezes falta numa criança. Também se ela responde aos pais de um modo mais rude, deve ser corrigida pelos pais, e se ela reconhece que falou sem pensar, não se deve etiquetar todo erro impensado dela como sendo pecado grave e obrigando ela a se confessar. Lembrem-se que são crianças, capazes de pecados graves, sim, mas fracas, e muitas fraquezas delas não passam de pecado venial. Não colaborem para criar uma ideia deformada da religião na cabeça das crianças, o mundo lá fora já faz isso muito bem.

Enfim, ao terminar de se confessar diga: “isso é tudo padre”. Não fiquem em silêncio! O silêncio não significa que o padre adivinhou que você não tem mais nada a confessar, mas pode significar que se está tentando lembrar de algo ainda. O ideal é não ter silêncio algum, pois a confissão não é um drama de filme cheio de suspense, mas se fazemos um exame de consciência bom antes de ir ao confessionário, então tudo segue com facilidade. Se o padre tiver que perguntar: “há mais alguma coisa?” é sinal de que há algo errado no seu modo de se confessar.

Não quero afastar ninguém do confessionário, mas lá também é um lugar em que vocês podem praticar a caridade se fizerem tudo certo. O jogar tudo nas costas do padre – e ele está lá para isso, para ajudá-los – é bom evitar, se somos capazes, embora seja melhor fazer isso do que fugir do confessionário como fazem os “católicos” modernistas que muitas vezes dizem não ter pecado nenhum e depois dizem não se confessar há mais de 1, 2, 3 ou 5 anos, o que já é pecado grave se a pessoa não tem problemas de saúde ou não mora num planeta onde não há padre algum. Muitas vezes temos que nos confessar com padres modernistas [antinomistas] que desrespeitam o fiel e o direito canônico obrigando-o a se confessar olhando para o padre, sem a devida privacidade, mas é melhor isso que ir para o inferno sem se confessar…

Que São João Nepomuceno interceda por nós para que com uma boa confissão possamos fazer uma boa Quaresma e seguirmos bem o caminho da santidade.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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