Pode ocorrer que não tenhamos pecados mortais ainda não confessados, e que tenhamos somente pecados veniais dos quais nos acusar. Para facilitar o exame de consciência nestes casos, apresentamos aqui uma lista de pecados veniais mais comuns, com a intenção de ajudar a fazer um exame de consciência em vista da confissão.
Primeiramente, não minta ainda em coisas leves. ― Não critique, mesmo sem má intenção, os pequenos defeitos do próximo; nem impute falsamente a ele, sem ódio ou inveja, pequenos deslizes (nestes casos vai-se contra as virtudes da caridade e da justiça, e assim há obrigação leve, em justiça, de reparar o dano causado ― por exemplo, louvando-a nas suas qualidades em outra ocasião se a crítica foi em coisa verdadeira, ou corrigindo a acusação falsa no caso de calúnia).
Deixar de prestar atenção às partes da Missa, tratando-a como prato velho, onde aqui se quebra hum pedacinho, acolá outro.― Não furteis, nem retenhais quantidade pequena. ― Não fale palavras ociosas, pois no Evangelho está escrito, que de qualquer delas havemos de dar conta. Não entristeçais, nem desconsoleis o pobre com palavras ásperas. ― Não jureis sem necessidade, ainda que seja com verdade. ― Não retardeis sem causa fazer o bem que prometestes ao próximo; porque ainda que não estejais obrigado pela virtude da justiça, estais obrigado pela fidelidade.
Não sejais fraco e negligente em resistir logo ou em combater os pensamentos contra a castidade: deveis fugir não só da queima, mas também de ser chamuscado. ― Não deboche do próximo, nem zombe dele ou ridicularize suas ações, ou gostos, ou vestidos, ou aspecto, suposto que sejam em matéria leve; ― se tendes um trabalho ou obrigação, não perca tempo, porque a omissão, ainda que leve, pode causar prejuízo a alguém; ― não coma em excesso, ainda que não te faça mal; ― fuja de palavras de orgulho ou de raiva, brigas, vinganças, deboches, fofocas e mexericos, ainda que seja tudo em matéria leve, como se supõe aqui.
Não faça mal algum ao próximo, ainda que leve, nem pense em fazê-lo, ou aconselhe isso a outro, nem aprove ou se alegre do fato de o ter feito; ― não se comporte, nos lugares sagrados, com pouca decência; não faça brincadeiras com coisas sagradas (passagens da Sagrada Escritura, santos, Papa, etc.), nem faça o próximo, por causa disso, ter pouca estima por elas; ― não deixe de corrigir, por frouxidão, os filhos e empregados, prejudicando a formação deles em coisa leve; ― não gaste em demasia com jogos, comidas e roupas.
Este é um conjunto deles. Se alguns passam despercebidos e ficam de fora, não fique aflito nem impaciente; nem se examine com tanto detalhe que comecem a surgir escrúpulos. A miudeza, naquelas pessoas que desejam ser perfeitas, é necessária e louvável, mas não é necessária para a confissão.
(Baseado no livro Pão partido em pequeninos, do Pe. Manuel Bernardes, págs. 66-68, edição de 1726, Lisboa, Portugal)
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