Sermão do 4o Domingo depois da Páscoa (2018)

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

No Evangelho de hoje Cristo anuncia os dois grandes próximos eventos que iremos comemorar logo mais no ano litúrgico, a Ascensão e Pentecostes. Cristo anuncia a vinda do Espírito Santo, terceira Pessoa da Santíssima Trindade, também chamado de Espírito da Verdade. São Tiago, em sua carta, também fala do dom que vem do alto, da palavra da verdade, palavra esta que pode salvar as nossas almas. Tudo referencia o Espírito Santo que, como professamos no Credo da Missa Tridentina, procede do Pai e do Filho.

Os maometanos, chamados pela mídia de muçulmanos, acreditam erroneamente que o Paráclito enviado por Jesus seria Maomé, o qual não é puro espírito, nem é pela verdade…

Os ortodoxos cismáticos, por sua vez, acreditam erroneamente que o Espírito Santo procede apenas do Pai, baseando-se numa livre interpretação da Bíblia em S. João 15, 26 e disso resultou o cisma de 1054.

É bem capaz que alguns católicos não saibam que é vital para ser católico e, consequentemente para ir ao Céu, o professar a fé de que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. Isso pode ocorrer nos dias de hoje, pois na Missa do Rito de Paulo VI, dentre outras mutilações, cortou-se da Missa o Credo tradicional e se colocou a versão simplificada do Credo que rezamos no terço. Disso resulta que os católicos ao irem nessa Missa, ficam sem saber sobre esse ponto da fé, somando-se a isso uma catequese fraca que prega mais o modernismo condenado pelo Papa S. Pio X, o qual trata erroneamente a fé como um sentimento ou experiência, do que o catecismo aprovado pelo mesmo Papa. Nós, ao contrário, queremos ser o mais católico possível, queremos saber tudo o que Jesus ensinou, colhendo como se fosse ouro cada migalha das Suas palavras. Não devemos jogar para debaixo do tapete os Seus ensinamentos como se eles não existissem ou incomodassem. Esse foi um dos erros do Papa Paulo VI que, indo na contramão de dos outros Papas, em razão de uma tentativa ecumênica (cfr. Jean Guitton, apud Padre Dominique Bourmaud em Cien Años de Modernismo, Ediciones Fundación San Pio X, Buenos Aires, 2006, p. 374) de aproximar a Igreja Católica dos não-católicos, buscou eliminar da Missa aquilo que era exclusivamente católico fabricando (cfr. Ratzinger, prefácio ao livro A Reforma da Liturgia Romana de Klaus Gamber) uma Missa aguada (“ritus (…) simpliciores facti sunt” – Acta Apostolicae Sedis, 1969, p.220), a qual, se levada às últimas consequências, deveria falar apenas do princípio de “fazer o bem e evitar o mal”, evitando falar de Deus, pois ofenderia os ateus, evitando falar de Nossa Senhora, pois ofenderia os protestantes, evitando falar desse artigo do Credo sobre o Espírito Santo, pois ofenderia os ortodoxos.

Nós, ao contrário, se precisássemos mexer em algo na Missa, faríamos como fizeram outros Papas anteriores ao Concílio Vaticano II, acrescentando mais trechos que deixem mais clara a verdade católica em contraposição a tantos erros modernos, como o evolucionismo, o relativismo, o perenialismo, dentre outros.

Focando-nos na questão do Espírito Santo, nós acreditamos que Ele procede do Pai e do Filho, não porque entendemos perfeitamente como isso ocorre dentro da Santíssima Trindade, mas porque acreditamos na Igreja Católica que assim ensina guiada pelo Espírito Santo o qual, sendo o Espírito da Verdade, não pode se enganar, nem nos enganar.

Para auxiliar nossa fraqueza, podemos também dizer que santos como São João Damasceno e São Epifânio de Salamina já bem antes do cisma do ano 1054 professavam essa mesma fé católica, bem como os Papas São Dâmaso e Leão III.

Muito se foca no sentido da palavra “proceder” nesse artigo do credo, pois para os gregos significaria apenas como “tendo origem a partir de um princípio absoluto sem origem, não gerado”, o qual designaria apenas Deus-Pai. Para nós, latinos e romanos, proceder significa apenas “ter origem de”, podendo designar assim Deus-Pai e Deus-Filho. Assim sendo, mesmo nessa questão semântica, os ortodoxos deveriam se curvar à autoridade romana, a quem foram dadas as chaves do Céu, e seguir esse sentido da palavra “proceder”, ao invés de defender o outro sentido à custa de um cisma.

A filosofia e teologia tomista deixa a questão mais clara ao dizer que, se o Filho procede do Pai e o Espírito Santo procede do Pai, então o Filho e o Espírito Santo seriam a mesma Pessoa, havendo então duas e não três Pessoas em Deus, pois é pelas relações entre elas que distinguimos realmente uma Pessoa da outra, pois na essência todas são iguais, isto é, um só Deus. Ao contrário, nós católicos dizemos que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, o Filho procede apenas do Pai e o Pai não procede de ninguém, logo temos três Pessoas Divinas realmente distintas entre si.

Do lado dos ortodoxos cismáticos, temos a citação do bispo Fócio de Constantinopla ao fazer o seguinte sofisma: “O (antigo) símbolo da fé diz somente que o Espírito Santo procede do Pai, logo o símbolo afirma que o Espírito Santo procede do Pai somente”. Esse abuso do advérbio somente, maltratando a Lógica, mostra a incapacidade do raciocinar teológico de muitos dos ortodoxos do oriente, incapacidade cuja raiz está no pecado, dificultando assim sua conversão e consequente salvação.

Rezemos para que o Espírito da Verdade nos afaste do pecado para conhecer cada vez mais e melhor a Verdade, a qual se encarnou para que não vivamos e falemos como os que não conhecem a Deus, como se prega num falso ecumenismo, mas para que os católicos sejam luz e sal no mundo.

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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