Sermão do XVI Domingo depois de Pentecostes – A importância dos bons exemplos

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

[Avisos]
No Evangelho de hoje vemos Nosso Senhor entrar na casa de um fariseu, mostrando assim que apesar de conhecer a malícia deles, ele não se opõe a tentar fazer algum bem ensinando-lhes algumas coisas. Ele mostra a contradição dos fariseus que resgatavam seus animais que caiam no buraco no dia do sábado, mas que queriam, por sua vez, condenar Jesus por resgatar um homem de sua doença também no sábado.

Notemos que Jesus fala no seu exemplo de um boi e de um asno, ambos que caem no buraco, ao que São Beda, o venerável, associa o povo judeu com o boi que vive sob o jugo da lei e o asno com os pagãos que vivem sem inteligência das coisas, ambos, porém, devendo ser resgatados por Jesus das suas misérias.

E sob o exemplo dado por Jesus os fariseus se calam e não o acusam de violador do sábado como pretendiam. Todavia, o ódio que nutrem contra Jesus aumenta cada vez mais, nem por isso Jesus deixa de fazer o bem naquele mesmo momento. Não devemos nos importar quando os tolos ou os pecadores se ofendem quando fazemos algum bem, o que não quer dizer que não devemos nos abster de certas práticas quando podem escandalizar os mais fracos como nos ensina São Paulo.

A questão do exemplo escolhido por Jesus é bem importante para entendermos bem o que é ensinado. Essa é a prática do bom mestre, fazer-se entender pelos outros, não apenas exibir seu conhecimento de modo pedante. Infelizmente esse é um dos problemas em documentos recentes do papado, como o Amoris Laetitia, em que se fala de coisas demasiado abstratas sem dar exemplo algum, o que gera confusão e não compreensão como deveriam fazer. Por exemplo, no parágrafo 305 se lê: “Por causa dos condicionalismos ou dos fatores atenuantes, é possível que uma pessoa, no meio duma situação objetiva de pecado – mas subjetivamente não seja culpável ou não o seja plenamente –, possa viver em graça de Deus, possa amar e possa também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso a ajuda da Igreja”, onde está o exemplo disso para podermos realmente entender do que se trata e não aplicar mal essa frase? Infelizmente ficamos no vácuo.

Por isso dar exemplos é importantíssimo para a educação das pessoas, a começar pelo exemplo da nossa prática, pois de nada adianta muito falar e nada fazer, já que o pecado original nos inclina sempre a crer que o certo, o ideal, é algo inatingível. A vida dos santos da Igreja serve justamente para mostrar que o esforço em ter uma vida santa não é algo inútil, impossível, mas algo que realmente produz frutos e frutos em abundância.

Nosso Senhor acrescenta ainda mais um exemplo de humildade ao falar daquele que não se considera digno do primeiro lugar numa mesa, mas que senta ao fundo esperando a sua vez. Esse exemplo é tanto melhor quanto mais se refere a uma odiosa prática entre os doutores da lei de sempre presumirem para si o melhor dos lugares, o que mostra a cegueira que o orgulho lhes causava.

Alguns candidatos ao seminário do IBP procuram extrair de nós uma receita de bolo de como agir para conseguir ser aceito por nós, algo que não faz sentido, pois buscamos conhecer o candidato como ele realmente é, pelo exemplo que ele dá, não a partir de um teatro que ele possa criar para nos enganar. Como nos ensina a escolástica, é no imprevisto que se descobre as inclinações mais profundas do homem. Um homem verdadeiramente humilde agirá do como correto quando uma situação humilhante inusitada ocorrer, enquanto que um orgulhoso tenderá a rejeitá-la ou murmurar diante da mesma situação. É por isso que não devemos ter apenas uma fachada de católicos, mas o sermos desde o mais profundo do nosso ser, de modo que as pessoas vejam que não é mera ficção o que fazemos exteriormente, mas que estamos profundamente convencidos de que aquilo que a Igreja ensina é o que deve ser prioritariamente buscado. Isso não é possível sem uma vida de constante oração e meditação. Nisso Jesus mesmo ensina que devemos superar os fariseus, que se limitavam a seguir a lei apenas no plano externo, embora mantendo os defeitos internamente no coração.

Por fim, vemos que Jesus enriquece o banquete ao qual foi convidado dando aos presentes um banquete espiritual que alimenta a alma. Nós católicos, seres racionais, não devemos nos preocupar tanto em nos banquetear com comida senão com o banquetear-nos com alimentos espirituais. Para tanto é preciso estudar e participar das diversas oportunidades de crescimento espiritual que tomamos conhecimento. Priorizar o estudo e não as diversas formas de perda de tempo que o mundo contemporâneo criou. É próprio da criança saber apenas as fórmulas já prontas e mastigadas, mas é próprio do amadurecimento intelectual querer entender mais a fundo a lógica principal por trás das coisas, o por quê delas, as suas causas, a partir das quais se chegou naquelas frases prontas que se aprendeu quando se era mais jovem. Nisso fica aqui o convite para participarem das aulas que conferimos nesta paróquia nas 3as, 4as e 5as à noite, das 20h às 21h. Lá poderemos aprender melhor sobre o mundo, sobre a doutrina da Igreja e sobre as Sagradas Escrituras respectivamente. É um primeiro passo, mas que muito pode ajudar a nos fortalecer na fé que tanto é atacada nos dias atuais.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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