Sermão do X Domingo depois de PentecostesA finalidade da educação dos filhos

Em nome do Pai, e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Ave Maria…

O Instituto do Bom Pastor deseja a todos os pais uma feliz festa no dia de hoje e, aproveitando-a, gostaríamos de iniciar hoje, e de continuar por alguns domingos, alguns sermões sobre aqueles princípios que devem guiar os pais na educação dos filhos, fazendo juntamente algumas aplicações concretas e, com isso, dissipar algumas imperfeições que possam existir, seja nas inteligências, que podem acabar tendo uma ideia errada do que seja educar os filhos, seja na prática concreta dessa educação, em cada família em particular.

É evidente que os padres, mesmo não sendo casados, nem tendo filhos, são capazes de dar orientações extremamente úteis nessa questão. Primeiramente, porque qualquer sacerdote nasceu em uma família, foi educado pelos seus pais, e teve uma experiência pessoal nessa questão. Em segundo lugar, qualquer sacerdote é capaz de observar outros casos de outras famílias, ver como elas educam os filhos e os resultados dessa educação. Finalmente, os sacerdotes conhecem os princípios que a Filosofia e a Teologia lhe dão, princípios universais, que são válidos para todas as pessoas, e que lhe permitem julgar o que é bom ou mau, certo ou errado, prudente ou imprudente, em matéria de educação dos filhos. Outra coisa ainda pode ser dita: uma vez que os padres não têm filhos para educar, eles podem ajudar, com toda tranquilidade interior e frieza da inteligência, os pais que os têm, já que assim os padres não têm interesses pessoais em jogo, Se os padres tivessem filhos e tivessem errado na educação deles, facilmente o orgulho poderia fazer com que os padres, para se desculpar, começassem a defender o que, de fato, não é bom nesses assuntos.

Hoje assentaremos somente a finalidade da educação dos filhos no casamento. Como está dito na Sagrada Escritura, “em tudo o que fazes, lembra-te de teu fim e jamais pecará” (Eclesiástico 7, 40). E também Aristóteles, na sua Ética: “Para a conduta da nossa vida, o conhecimento de nosso fim último é de uma enorme importância e, semelhante aos arqueiros que têm um alvo diante dos olhos, poderemos assim alcançar mais facilmente o que nos é bom” (1094a23). Se queremos educar bem os filhos, a primeira coisa que precisamos é saber aonde devemos chegar com esta educação.

A doutrina católica é absolutamente clara, e qualquer catecismo diz que “o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, porque a alma humana é espiritual e racional, livre na sua ação, capaz de conhecer e de amar a Deus, e de gozá-Lo eternamente” (Catecismo de S. Pio X, n. 55).

Santo Inácio de Loyola coloca esta verdade no início dos Exercícios: “Princípio e Fundamento: O homem é criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus nosso Senhor e, mediante isto, salvar a sua alma” (n. 23).

Santo Tomás aplica este princípio na sociedade familiar e diz claramente qual é sua finalidade própria:

De acordo com a sentença do Apóstolo, que acordo existe entre a luz e as trevas? Mas entre o esposo e a esposa há máximo acordo. Logo, aquele que está na luz da fé não pode contrair matrimônio com aqueles que estão nas trevas da infidelidade. (…) O principal bem do matrimônio é a prole a ser educada para o culto de Deus [ad cultum Dei educanda: a expressão denota obrigação real e atual]. Uma vez que a educação é feita de modo comum entre o pai e a mãe, cada um deles visa educar a prole para o culto de Deus de acordo com a fé [que tem]. E portanto, se as fés são diversas, a intenção de um será contrária a intenção do outro. E, assim, não pode haver entre eles um matrimônio conveniente. (…) De onde, a disparidade de culto é contrária ao matrimônio por causa do principal bem dele, que é o bem da prole” (Suma Teológica III, q. 59, a. 1, ad ).

Hoje, o que queremos assentar com toda firmeza, e deixar clarissimamente fixado nas inteligências, é esta finalidade última do casamento: um homem e uma mulher se casam para ter filhos e educá-los de tal modo que esses filhos sejam capazes de dar para Deus o culto que lhe é devido.

Esta finalidade é que determinará tudo o mais na estrutura da família, porque é o fim que determina os meios que serão usados para alcançá-lo. Por exemplo, se a finalidade é cortar uma folha de papel, o meio escolhido será uma tesoura, não uma colher. Assim também, se a finalidade da família é a educação dos filhos para o culto devido a Deus, então os jovens e pais precisarão fazer a melhor escolha dos meios que precisarão usar: a pessoa que você escolherá para casar, o modo como o noivado será levado, as instruções, livros, conselhos, etc., que você tentará obter em vista do casamento e durante o casamento, a escola na qual você colocará os seus filhos, as coisas que você permitirá ou não aos filhos, o modo de falar com os filhos, as coisas que precisarão ser toleradas ou que não podem ser toleradas de modo algum, os momentos de diversão, os locais em que as férias serão passadas, etc., etc. Tudo sempre em vista, direta ou indiretamente, de tornar os filhos pessoas capazes de dar para Deus o culto que lhe é devido.

Aos poucos veremos aplicações bem concretas deste princípio. É possível que, hoje, somente uma pequena porcentagem de pais e mães tenham a capacidade de educar convenientemente os filhos. Os inimigos da Igreja usam isso para justificar a educação exclusiva do Estado sobre as crianças e jovens. Entretanto, isso só mostra a urgente necessidade de formar aqueles que são os primeiros educadores da sociedade, que são os pais.

Em nome do Pai, e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

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