15o Domingo depois de Pentecostes (2018)

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Hoje lemos os sábios conselhos de S. Paulo: Quem semeia na carne colhe corrupção, quem semeia no espirito colhe vida eterna. Quem aqui semeia no espirito, continue-o fazendo, apesar do exemplo contrário que muitos ao nosso redor nos dão. O problema não são vocês, mas os que semeiam na carne.

S. Paulo diz que devemos corrigí-los com mansidão. Nosso intuito não é destruí-los, mas convertê-los. Vemos um exemplo recente disso num dossiê escrito pelo Monsenhor Viganò. Ele relata como boa parte do clero, sobretudo no Vaticano, está podre por ter durante décadas semeado na carne e não no espírito. Quem conhece minimamente o Vaticano e os seminários modernistas já sabia mais ou menos disso, embora as acusações detalhadas de Viganò precisem ser analisadas com cuidado.

Cabe agora a nós agüentarmos o fardo deles, isto é, a vergonha do que fizeram com esses escândalos sexuais, que pesa agora sobre toda a Igreja. Algo semelhante ocorre no Brasil, uns poucos cometem a corrupção, mas cabe a todo o povo arcar com as conseqüências de falta de dinheiro.

A Igreja atualmente se encontra quase sem anticorpos para combater tamanha podridão desde que o clero podre quase eliminou as Missas Tridentinas da face da Terra, bem como a doutrina íntegra católica que a acompanha. Afinal de contas, a Missa Trindentina (com a doutrina que lhe é conexa) é um poderoso remédio para muitos dos problemas atuais da Igreja.

Todavia, mesmo nessa grave crise, não é para nós uma opção o sair da Igreja Católica, pois para onde iremos se só a Igreja de Cristo tem palavras de vida eterna? (João 6, 68)

Identificado o problema, que no caso do dossiê Viganò exigiria uma investigação séria e isenta para comprovar as gravíssimas acusações que fez, é preciso passar à correção ou remédio a aplicar.

Se ficar provado, por exemplo, que o atual Papa cooperou com a máfia gay que existe na hierarquia da Igreja, então seria uma salutar opção a renúncia, algo já feito por um Papa santo e humilde, o Papa Celestino V (1294), caso contrário, sua salvação correria um grave risco (no caso de Celestino V, ele preferiu o Céu a continuar sendo Papa).

Todavia, ninguém pode forçar o Papa a nada, ele deve tomar a decisão certa sozinho diante de Deus. Devemos rezar pelo Papa para que ele lide com esse escândalo da melhor maneira.

Saindo desses problemas complexos no interior da Igreja, cuja raiz é a heresia modernista e não tanto o homossexualismo que é mera conseqüência, passemos ao nosso caso mais simples.

No caso de conhecermos alguém que semeia na carne, devemos mostrar-lhe que, mesmo sem considerar a questão do juízo após a morte, ele sofrerá conseqüências negativas já em vida (as obras da carne são manifestas, já dizia S. Paulo (Gálatas 5, 19 s.): impureza, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, inveja, embriaguez e coisas semelhantes).

Nesse sentido, o método do filósofo Sócrates, a maiêutica, pode ser bem útil no apostolado. Literalmente a maiêutica significa ajudar alguém a dar a luz a algo, no caso, o conhecimento. Através de perguntas simples, o alvo da conversa começa a duvidar do seu saber, se reconhece ignorante, percebe as contradições que um intelecto sadio tem repulsa, e passa então a se abrir para novos conceitos que o locutor lhe apresenta, mostrando serem mais coerentes que seu conhecimento antigo. Nosso objetivo não é mostrar que sabemos o que é certo e o que é errado, mas sim fazer o outro, que está nas trevas, descobrir com o nosso auxílio a verdade, seja na doutrina, seja na moral. Ensinar o outro a raciocinar é um passo importante para que alguém possa ser católico de verdade e assim passar a semear no espírito e não mais na carne. Dito de outro modo, para que passe a viver segundo os ditames da razão e da fé e não a viver segundo as inclinações do pecado.

Entretanto, por pior que seja o pecado da carne, Jesus é capaz de curar, do mesmo modo que conseguiu não só fazer cegos verem e paralíticos andarem, mas ressuscitou os mortos como vimos no Evangelho de hoje. Só que isso não ocorre sem a nossa cooperação. Sem o intermédio da viúva, o filho não ressuscitaria. Sem o intermédio dos amigos, o paralítico não passaria a andar. Sem alguém intercedendo por nós, a começar por nós mesmos, a cura não virá. Nesse sentido, devemos rezar pelos que agora semeiam na carne para que abram os olhos e busquem a cura em Jesus Cristo, isto é, na Verdade Encarnada, e não nas mentiras que escuta pelo mundo afora.

Cada católico deve ser um guardião da verdade e é nesse sentido que podemos trazer luz aos outros para que, passando a semear no espírito, possamos todos desfrutar da vida eterna, onde não há homossexuais, nem pedófilos, nem os modernistas do Vaticano.

Que Nossa Senhora, mãe da Igreja, nos auxilie a sobrevivermos na fé em meio à tempestade de pecados que assola o clero, pois sabemos que a Igreja, sendo indefectível, sobreviverá até o final dos tempos.

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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